O incêndio começou às quatro horas da manhã do dia 11 de maio de 1969. Foi ato comprovadamente criminoso, embora ninguém tenha sido punido. Devastou completamente a favela da Praia do Pinto, que ocupava uma área plana do valorizado bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
No fogaréu morreram uma menina de oito meses, um menino de três anos e uma mulher, grávida de oito meses. Estima-se que moravam na favela 10.000 pessoas.
O incêndio apressou a remoção, planejada desde 1955. A política de remoção das favelas levada a cabo por governantes do Rio (Carlos Lacerda e Negrão de Lima) teve amplo beneplácito da ditadura militar, a partir de 1964. O plano era remover a pobreza e a miséria das favelas da Zona Sul para lugares bem distantes das vistas das classes média e rica da cidade. Os moradores foram removidos para conjuntos habitacionais construídos nas Zonas Norte e Oeste da cidade. “Nós chegamos aqui em caminhão de lixo”, contou Manoel Gomes, músico e comerciante, morador da favela da Praia do Pinto.
Em boa parte do terreno da favela da Praia do Pinto, foi erguido um grande empreendimento imobiliário, logo chamado de “Selva de Pedra”, nome de novela que fazia sucesso na época. São 40 edifícios, com um total de 2.251 apartamentos, servidos por quatro ruas sem saída.
As imagens abaixo mostram a favela logo depois do incêndio e cenas do cotidiano da Praia do Pinto. Acervo Diários Associados RJ/Instituto Moreira Salles
O IMS envidou todos os esforços para identificar e localizar os autores das obras fotográficas publicadas neste site, e agradece toda informação suplementar a respeito.