EM FOCO
Luiz Alfredo
Nova Iguaçu, RJ, 1934
EQUIPE TESTEMUNHA OCULAR
Luiz Alfredo nasceu, em 1934, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Desde cedo teve interesse por fotografia. Aos 18 anos, comprou uma máquina Rolleiflex e começou a trabalhar como auxiliar de arquivo na revista O Cruzeiro, no Rio de Janeiro. Pelas mãos de José Amádio, então Diretor de Redação da revista, começou a trabalhar como fotógrafo, depois de uma passagem rápida pelo Diário da Noite.
Em 1961, foi para Belo Horizonte, ainda trabalhando para O Cruzeiro. No mesmo ano, em abril, flagrou a dura realidade do Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais, fundado em 1903. A reportagem “A sucursal do inferno”, com fotos de Luiz Alfredo e texto de José Franco, mostra o cotidiano de horror do manicômio, onde morreram 60 mil pessoas, cerca de 70% deles sem diagnóstico de doença mental. Luiz Alfredo ficou em O Cruzeiro até o fechamento da revista, em 1975.
Todas as imagens abaixo foram tiradas em 1961 no Hospital Colônia de Barbacena. De um total de 196 fotos feitas por Luiz Alfredo no hospício, 187 delas, incluindo as dessa galeria, foram adquiridas em 2007 pela prefeitura de Barbacena. Elas foram publicadas em 2008 no livro “Colônia, uma tragédia silenciosa”, organizado por Jairo Furtado Toledo e Edson Brandão, e editado pelo governo de Minas Gerais e pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, em cooperação com a prefeitura de Barbacena. Na obra, o repórter José Franco narra a visita:
“No pátio, apinhado de loucos, sujos e descabelados, gritando e fazendo caretas amedrontadoras, o fotógrafo, Luiz Alfredo, da revista O Cruzeiro, foi o primeiro a entrar ali, captando com sua máquina fotográfica, em preto e branco, as fotos que, talvez, tenham sido as mais negras e dramáticas de sua carreira. Os jornalistas, ali presentes, boquiabertos, olhavam a cena dantesca, sem palavras, emocionados. Éramos profissionais experientes, acostumados a cobrir fatos tristes, tragédias, mas o choque com aquelas cenas nos tocou de maneira especial.”
Mais tarde, as fotos ilustraram também no livro Holocausto Brasileiro (Editora Intrínseca), da jornalista Daniela Arbex.