Levantamento divulgado no início de dezembro pelo IBGE mostra que há 62,5 milhões de pobres no Brasil, quase um terço da população do país. E, desse total, 17,9 milhões estão em estado de extrema pobreza, com ganho per capita inferior a US$ 1,90 diário, ou R$ 168 mensais. É o maior percentual da série, iniciada em 2012. Os dados são referentes ao ano passado.
Os números revelam ainda que quase metade das crianças brasileiras vive abaixo da linha de pobreza. São 20,3 milhões de meninos e meninas com menos de 14 anos – o equivalente a 46,2% – que não têm rendimento suficiente para ter condições mínimas de bem-estar.
A pobreza é um sofrimento crônico do país, como mostram imagens dos fotógrafos do site Testemunha Ocular feitas ao longo das últimas décadas. Já em 1958, Luciano Carneiro registrava uma hospedaria de retirantes em Fortaleza, no Ceará, como se pode ver na galeria de fotos abaixo. Antes disso, em 1948, José Medeiros flagrava o desalento expresso no rosto de um operário no trem na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro.
É um problema que impacta de forma dramática todo o país, mas que afeta especialmente as regiões Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%), como indica o IBGE. A seção Foto Histórica traz imagens feitas nas duas regiões por Evandro Teixeira, Jorge Araújo, Lalo de Almeida, Celso Oliveira e Walter Firmo. Araújo, por exemplo, mostra os moradores da favela Fé em Deus, que fica sobre um mangue, em São Luís. Em meio à miséria do local, aparecem coladas nos barracos faixas de propaganda do governo estadual com os dizeres: “O futuro do Brasil passa pelo Maranhão”.
Os especialistas apontam que a redução do valor do Auxílio Emergencial ocorrida em 2021 é um dos motivos para o aumento do número de pobres. O Senado aprovou a PEC da Transição, com validade de dois anos, para garantir o pagamento de despesas como o Auxílio Brasil de R$ 600, conforme promessa do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva. O texto segue agora para a Câmara.
Outro dado que o IBGE apresenta e que pode ser visto nas fotos aqui: a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%).
São imagens de uma drama que atravessa o tempo.