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Foto Histórica

Tarde Sagrada

ELVIA BEZERRA

Ao se iniciar o ano de 1958, o Rio de Janeiro ainda estava impregnado do catolicismo vivido no 36o Congresso Eucarístico Internacional, realizado na cidade três anos antes. Empenhado em manter vivo o espírito cristão despertado naquele evento, o arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Hélder Câmara, idealizou, para 1958, uma celebração do Domingo de Ramos de magnitude semelhante à do Congresso. O ato religioso dá início à Semana Santa, quando a Igreja reproduz a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, montado em um jumento e aclamado como verdadeiro rei, antes da Paixão do Cristo e dos mistérios da redenção.

Realizada às 16h do dia 30 de março de 1958, a “Tarde Sagrada”, como ficaria conhecido o evento, realizou-se no Estádio do Maracanã, com 150 mil espectadores atentos à programação, que se dividiu em: 1) Encontro com a Misericórdia Divina; 2) Representação ao vivo da entrada de Cristo em Jerusalém e 3) Santa Missa de abertura da Semana Santa. O apoio da revista semanal O Cruzeiro, de indústrias, instituições religiosas e da sociedade, mobilizadas de maneira incomum, garantiram o sucesso do evento.

Para representar o Encontro com a Misericórdia Divina entravam no campo sete grupos formados por cem moças cada um. Vestidas com uma espécie de túnica, representavam os sete pecados capitais, identificados por cores diferentes. Tinham os pulsos amarrados, para simbolizar o aprisionamento ao pecado. A certa altura, desamarravam os pulsos, o que significava que estavam livres do pecado. A perfeição da coreografia foi resultado de um ensaio geral no dia 27 de março, no Maracanã, com arquibancadas vazias, mas aberto à imprensa.

Para representar Jesus foi escolhido o pernambucano Geraldo Batista, de 67 anos, que entrou no Estádio montando um burrinho, o “Lucas”, cujo dono era morador da Favela do Esqueleto, e, no Maracanã, foi recebido pelo arcebispo Dom Jayme de Barros Câmara, que oficializou a Santa Missa, assistida pelo governador Negrão de Lima e pelo presidente Juscelino Kubitschek.

Fiéis no Estádio do Maracanã para celebrar o Domingo de Ramos de 1958. O evento ficou conhecido como a “Tarde Sagrada”
Durante a programação, sete grupos, cada um com cem moças, representavam os sete pecados capitais
Os pulsos amarrados das moças indicavam o aprisionamento ao pecado
Em seguida, os pulsos desamarrados simbolizavam a libertação do pecado
O pernambucano Geraldo Batista representou Jesus Cristo na entrada de Jerusalém
Geraldo Batista, que representou Jesus Cristo, foi recebido por Dom Jayme de Barros Câmara, antes da celebração da missa
Ramos de palmeira e de diversas árvores são distribuídos no Domingo de Ramos
O IMS envidou todos os esforços para identificar e localizar os autores das obras fotográficas publicadas neste site, e agradece toda informação suplementar a respeito.
Em 1958, o Domingo de Ramos, ato religioso que dá início à Semana Santa, reuniu 150 mil fieis no estádio do Maracanã