60 anos do golpe
EQUIPE TESTEMUNHA OCULAR
Nos 60 anos do golpe militar de 1964, o site Testemunha Ocular traz um especial de cinco reportagens sobre o tema.
A primeira matéria da série fala sobre o comício do presidente João Goulart na Central do Brasil, no dia 13 de março, que ajudou a ampliar o desgaste de Jango junto à sociedade civil.
A segunda matéria trata da Revolta dos Marinheiros, de 25 a 27 de março, um dos estopins do golpe.
A terceira matéria fala da anistia concedida por João Goulart aos marinheiros revoltosos, o que desagradou a cúpula das Forças Armadas.
A quarta matéria trata da punição aos militares revoltosos.
E, por fim, esta quinta matéria trata do golpe de 64 e dos dias seguintes.
No dia 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, fez um “Manifesto à Nação e às Forças Armadas” e deslocou as tropas de Juiz de Fora, em Minas, em direção ao Rio. Ele se autonomeou Comandante das Forças em Operações da Defesa da Democracia e pôs em marcha o golpe militar. Antes, no dia 28, numa reunião no aeroporto de Juiz de Fora, o então governador mineiro, Magalhães Pinto, tinha dado seu aval para que Mourão movimentasse as tropas.
Horas depois da partida de Mourão, outro general, Amaury Kruel, que comandava os 25 mil homens do 2º Exército, também saiu de São Paulo para o Rio com o mesmo objetivo de depor Jango.
Um momento-chave para o sucesso do golpe aconteceu na madrugada do dia 1º de abril, com a invasão ao Forte de Copacabana, no Rio (na sessão Vida Longa o autor da foto, Evandro Teixeira, fala dessa e de outras imagens de sua carreira). Até meio-dia Jango ainda permanecia no Palácio Laranjeiras. Mas acabou embarcando para a capital do país, em meio à chegada de mais tropas ao Rio. Nesse mesmo dia, o presidente deixou Brasília e foi para Porto Alegre, onde o então deputado federal Leonel Brizola, seu cunhado, tentava organizar um movimento de resistência à deposição do presidente.
O dia 1º de abril foi marcado ainda pelo incêndio criminoso do prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo. A entidade ocupava desde 1942 a antiga sede do Clube Germânia, tradicional reduto de simpatizantes do nazifascismo. O atentado teria sido praticado por integrantes do Comando de Caça aos Comunistas, o CCC.
A rebelião se espalhava pelo país, mas havia militares legalistas que não compactuavam com o golpe. Goulart, que era gaúcho, tinha o apoio do 3º Exército, sediado em Porto Alegre. Foi organizado um comício no Largo da Prefeitura em que se pediu a união das forças populares contra o golpe. O prefeito da cidade, Sereno Chaise, e Brizola tentaram repetir a Campanha da Legalidade, de 1961, mobilização civil e militar que conseguiu garantir a posse de Jango após a renúncia de Jânio Quadros, com a implantação do Parlamentarismo no Brasil.
Mas em 1964 o movimento não deu certo. Jango possuía tropas leais a seu governo, e poderia ter comandado a resistência, distribuindo também armas à população, mas preferiu não reagir, talvez para evitar um “banho de sangue”. E acabou viajando de Porto Alegre para o exílio no Uruguai, junto com a mulher, Maria Thereza, e os filhos, João Vicente e Denise. Jango acabaria morrendo em 1976, após viver seus últimos 12 anos exilado.
A ditadura militar só iria se encerrar 21 anos depois do golpe.