Carnaval suburbano
MAURO VENTURA
Por mais de 20 anos, Ana Carolina Fernandes trabalhou como fotojornalista em jornais como o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo. Na grande imprensa, acostumou-se a fotografar os desfiles das escolas de samba na Avenida Marquês de Sapucaí, no Rio. Mas o foco principal de seu interesse é outro:
— Eu amo carnaval, tenho uma ligação muito forte com a festa, já registrei os desfiles no Sambódromo, os blocos, o carnaval em Pernambuco, mas sou muito apaixonada pelo carnaval nas favelas e nos subúrbios. Em especial os bate-bolas, essa tradição maravilhosa – diz ela, autora, junto com André Arruda, das fotos do livro “Blocos de rua do carnaval do Rio de Janeiro”, que tem texto de Aydano André Mota.
Os bate-bolas, também conhecidos como clóvis, são foliões que desfilam pelas ruas com fantasias muito detalhadas e caprichadas, e que organizam competições durante os quatro dias de folia. Antigamente, por conta da violência, os grupos eram marcados pelo estigma, mas houve uma revitalização que fez com que, hoje, cerca de 16 mil foliões saiam pelo subúrbio no carnaval, atraindo cada vez mais mulheres. Ana Carolina já fotografa os bate-bolas desde 2017 — este carnaval já vai ser o oitavo ano percorrendo bairros como Oswaldo Cruz, Rocha Miranda, Marechal Hermes, Madureira.
A atual novela das sete da TV Globo, “Volta por cima”, tem retratado esse universo dos bate-bolas, com o grupo Dragão Suburbano, localizado no bairro fictício Vila Cambucá, inspirado em locais como Madureira, Marechal Hermes, Cascadura e Bento Ribeiro. Ao jornal O Globo, a autora, Claudia Souto, contou:
— Tenho um fascínio pelos bate-bolas desde menina e já saí vestida. É maravilhoso, todo mundo fala com você na rua. Mas a inspiração para a novela vai muito além dessa experiência. Esses grupos são muito tradicionais, um fenômeno no subúrbio, e só tem aqui — explica a autora.
Ana Carolina Fernandes também costuma fotografar outros desfiles de rua nas regiões periféricas, como os blocos das Piranhas, em que os homens se fantasiam de mulher.
A fotógrafa fala o que a atrai na principal festa popular do Brasil:
— Para mim o carnaval vai muito além de um espetáculo. Ele fala da nossa história, do Brasil profundo, ancestral. É carregado da identidade do povo brasileiro, das nossas raízes, da nossa resistência.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: os bate-bolas. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio. Bloco de Segunda, no Humaitá. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: bloco das Piranhas, na Rocinha. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: bloco das Piranhas, na Rocinha. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.
Carnaval do Rio: bloco das Piranhas, na Rocinha. Foto de Ana Carolina Fernandes/Acervo pessoal.