Três anos: as marcas da pandemia
EQUIPE TESTEMUNHA OCULAR
Há três anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou oficialmente que o mundo vivia a pandemia da Covid-19. No Brasil, o primeiro caso confirmado foi registrado um pouco antes, no dia 26 de fevereiro, em São Paulo, onde um homem de 61 anos, que havia retornado de uma viagem à Itália, testou positivo para o vírus SARS-CoV-2. A primeira morte ocorreu também na capital paulista, a 12 de março. A vítima foi uma senhora de 57 anos.
De lá para cá, o país acumula cerca de 700 mil mortos pela doença, número inferior apenas ao dos Estados Unidos, com pouco mais de 1,1 milhão de vítimas fatais. O Brasil tem 2,7% da população mundial e responde por 10% das mortes globais da Covid. No mundo, a OMS contabilizou 756 milhões de pessoas infectadas (quase 10% da população) e 6,9 milhões de vidas perdidas (quase uma morte para cada 1 mil habitantes). Mas, devido à subnotificação, os números reais são bem maiores.
A crise sanitária sem precedentes afetou de forma diferente os brasileiros. Embora a pandemia tenha atingido todas as regiões, o sociólogo José Eustáquio Diniz Alves Brasil mostrou no artigo “Diário da Covid-19: cem dias de dor e sofrimento por trás dos números”, publicado em julho de 2020 no site Colabora, que os negros tiveram 46% mais chance de morrer pelo coronavírus que os brancos. No caso de pardos e indígenas, o percentual é ainda maior: 72% e 98%, respectivamente. Os povos originários foram, proporcionalmente, os mais atingidos pela doença.
Os números elevados revelam o despreparo com que o governo federal lidou com a doença, minimizando a gravidade da pandemia, divulgando informações falsas sobre tratamentos ineficazes e demorando a comprar as vacinas.
Ao longo desses últimos anos, os fotógrafos registraram as várias faces da tragédia. O site Testemunha Ocular traz uma amostra de imagens feitas pelo fotojornalistas que têm páginas dedicadas a seu trabalho. Os registros vão das covas coletivas em Manaus à falta de oxigênio no Amazonas, das mortes em casa aos enterros solitários, do colapso no sistema de saúde ao esforço dos profissionais de saúde, dos hospitais superlotados à população confinada fazendo panelaço contra o governo. No alto da página, Adriana Zehbrauskas documentou para o New York Times o cotidiano dos coveiros do cemitério Vila Formosa, em São Paulo, que trabalhavam sem parar, das 6h às 22h, todo dia, para dar conta dos enterros das vítimas da Covid.
Após três anos, os especialistas mostram-se otimistas a respeito do declínio da pandemia. No Brasil, o dia 12 de fevereiro, um domingo, marcou uma data histórica: pela primeira vez o país não registrou nenhuma morte por Covid em 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O conselho ressalva que nos fins de semana muitos estados não divulgam dados de casos e mortes, mas esta foi a primeira vez que o índice de óbitos ficou zerado.