Nas 213 fotografias da exposição “Um século de histórias”, há um pouco de tudo, como registros de famosos, entre eles o cangaceiro Lampião segurando uma edição do Globo em 1937; o músico Bob Marley jogando bola com Chico Buarque e Toquinho, em 1980; e o líder guerrilheiro Che Gevara em visita ao Brasil, em 1961.

Há também imagens históricas, como o momento em que o então presidente Washington Luís deixa o Palácio Guanabara após ser deposto pela Revolução de 1930 e a largada do GP de 1936 no Circuito da Gávea. Furos de reportagem, fotos de grande beleza plástica, cenas de violência – a mostra, em cartaz na Casa Roberto Marinho, faz um passeio pela trajetória do Globo ao mesmo tempo em que conta a história do Brasil pelas lentes dos fotógrafos do jornal.

Cinco mil imagens e reportagens

Dividida em cinco salas, em oito eixos temáticos, como “Revolução fotográfica”, “Compromisso com o leitor”, “Amor pelo Rio” e “Avanço tecnológico”, a exposição é parte das celebrações do centenário do Globo, cuja primeira edição circulou em 29 de julho de 1925. Das 213 fotos, 126 foram impressas em fine art, com a mesma qualidade de obras artísticas, e as outras 87 estão exibidas em telas de TVs e projeções. A seleção foi feita por um conselho curatorial formado pelo diretor de Redação, Alan Gripp; o editor executivo Visual, Alessandro Alvim; o editor executivo André Miranda; o editor de Fotografia, André Sarmento; o editor de Acervo, William Helal Filho, e os editores Mànya Millen e Pedro Tinoco. Durante dois anos, foram analisadas cerca de cinco mil imagens e reportagens, até chegar a seleção final.

De Garrincha à pandemia

Entre as imagens escolhidas, estão, por exemplo, eleitoras no primeiro ano de voto feminino no país; o drible de Garrincha sobre o goleiro Hélio, do Vasco; manifestantes na Passeata dos Cem Mil; o sequestro do ônibus 174; a superlotação de um BRT carioca durante a pandemia de Covid-19 e fotos feitas por Domingos Peixoto que ajudaram a esclarecer a morte do cinegrafista Santiago Andrade ao ser atingido por um rojão num protesto, em 2014.

Destaques do Testemunha Ocular

Entre os fotógrafos destacados estão Márcia Folleto, Marcelo Carnaval e Custodio Coimbra, que têm páginas dedicadas ao seu trabalho aqui no site Testemunha Ocular.

– Enquanto o mundo vai progredindo, o jornal também vai. E é claro que nesse caminho há percalços, guerras, violência, então a mostra tem também imagens mais pesadas, pois são justamente nesses momentos em que o jornalismo é mais necessário — observa André Miranda.

Primeira telefoto

A evolução tecnológica é mostrada pela mudança dos aparelhos, do telex ao telefone, da máquina de escrever aos primeiros computadores. E também por itens como negativos das câmeras analógicas e a reprodução da primeira telefoto da imprensa brasileira, publicada em agosto de 1936, retratando um feito da nadadora Piedade Coutinho na Olimpíada de Berlim. Ela foi enviada à redação por meio da linha telefônica, uma inovação para a época.

Cem anos de mudanças

A mostra é um mergulho na história social, política, econômica, sanitária, cultural e tecnológica da sociedade, mostrando as transformações por que passou o país nos últimos cem anos.

Do cotidiano aos grandes fatos

A mostra apresenta ainda o filme “Um século de redação” e a exibição digital de charges de vários períodos, assinadas por nomes como Loredano, Henfil, Cláudio Paiva e Chico Caruso.

– Não é só uma história dos grandes fatos, mas também das histórias cotidianas, de como a sociedade foi mudando ao longo de um século – diz André Miranda.

Serviço:

Exposição: “Um século de histórias”

Local: Casa Roberto Marinho.

Período: Até 10 de agosto de 2025

Endereço: Rua Cosme Velho 1.105. Cosme Velho, Rio de Janeiro.

Horário de visitação: Ter a dom, das 12h às 18h

Preço: R$ 10. Aos domingos, R$ 10 para grupos de quatro pessoas. Grátis às quartas.