EM FOCO
Luiz Morier
Rio de Janeiro, RJ, 1951
EQUIPE TESTEMUNHA OCULAR
Luiz Morier descobriu a fotografia na infância, estimulado pelo prazer de registrar a paisagem urbana e a natureza paradisíaca de sua cidade natal, o Rio de Janeiro.
— Tenho prazer de fotografar quase todos os temas. Só não gosto mesmo de cobrir violência.
No entanto, foi exatamente fazendo matérias sobre os conflitos urbanos do Rio que ele tirou suas fotos mais marcantes, ainda que, para isso, tenha vivido suas piores experiências pessoais:
— Durante uma manifestação de moradores na Rocinha, acertaram uma pedrada na minha cabeça. Noutra ocasião, cobrindo o confronto de amigos e parentes das vítimas da Chacina de Vigário Geral com PMs, tive que correr para não ser agredido pela polícia.
Morier também integrava uma equipe de reportagem do Jornal do Brasil que foi assaltada no Alto da Boa Vista, em 1993, e perdeu tudo: documentos, dinheiro e equipamento fotográfico. Quando os bandidos foram presos e os jornalistas tiveram seus pertences devolvidos, o fotógrafo recuperou o registro que havia feito do assalto anterior, a um casal de turistas. Sorte dele: a foto, intitulada Inferno no paraíso, venceu o Prêmio Esso de Fotojornalismo.
— Foi horrível, fomos ameaçados de morte pelos assaltantes. E há outras passagens que eu nem gosto de lembrar.
Outro momento de violência flagrado pelas lentes de Morier já havia sido premiado com o Esso dez anos antes: cenas de violação dos direitos civis e humilhação impostas a um grupo de homens negros capturados durante uma blitz da PM num morro do Rio — mais tarde ficou provado que todos eram trabalhadores e sem nenhum registro criminal. Na sequência de fotos, publicada com destaque na primeira página do JB, eles aparecem, primeiramente, sentados e amarrados uns aos outros por uma corda no pescoço; e, depois, sendo levados até uma viatura policial.
Luiz Morier, que trabalhou 25 anos no JB, acompanha a qualidade do que vem sendo produzido no resto do mundo e acha que o fotojornalismo brasileiro está num nível muito bom.
— É grande o número de repórteres-fotográficos competentes atuando no Brasil.
Vários, não nega, influenciaram seu trabalho:
— Sou fã de muitos fotógrafos e seria difícil citar todos. Um que posso dizer com certeza que me inspirou e ensinou muita coisa foi o Aníbal Philot, que conheci em O Globo. Dele eu tenho saudade.
Morier começou a carreira de repórter-fotográfico no extinto jornal Última Hora, em 1977. Também teve passagens pelo Globo e trabalhou como freelancer no Estadão.
No momento, conta que está envolvido na seleção de fotos de seu acervo para concorrer a mais um prêmio. Se vencer, terá mais um troféu ao lado dos dois Esso, de um Vladimir Herzog, do Prêmio da Confederação Carioca de Futebol, do Prêmio Pepsi de Jornalismo e do Prêmio de Fotojornalismo da Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP.
— O mais importante e que me deixa mais feliz é saber que depois que eu morrer meus trabalhos ficarão marcados para sempre na história do jornalismo brasileiro. A fotografia é tudo na minha vida.