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fotógrafos IMS

JoseMed

José Medeiros

Teresina, Piauí, 1921 - L’Aquila, Itália, 1990
EQUIPE COORDENADORIA DE FOTOGRAFIA DO IMS

O piauiense José Medeiros, definido pelo fotógrafo francês Jean Manzon como o “poeta da luz”, gostava de se identificar como um grande lambe-lambe. Mas seu trabalho, com imagens raramente posadas que mostravam uma realidade espontânea, ajudou a construir o fotojornalismo e revolucionou a maneira de fotografar para a imprensa no Brasil.

Suas maiores influências foram George Platt Lynes, Walker Evans, Paul Strand, Berenice Abbot, Eugene Smith e Henri Cartier-Bresson. Influenciou fortemente toda uma geração de fotógrafos, dentre eles Evandro Teixeira e Walter Firmo.

Medeiros nasceu em Teresina em 18 de maio de 1921 e veio com a família para o Rio de Janeiro, em 1939. Começou então a trabalhar como funcionário público nos Correios e no Departamento Nacional do Café. Montou um pequeno estúdio em sua casa onde fotografava artistas famosos como Cacilda Becker (1921 – 1969). Paralelamente, trabalhava como freelancer para as revistas Tabu e Rio. Nesta última, conheceu Manzon que, em 1946, o levou para a revista O Cruzeiro, carro-chefe dos Diários Associados, que pela utilização de fotografias, enfatizando o fotojornalismo, por seu conteúdo e projeto gráfico arrojados, representou uma revolução no mercado editorial brasileiro. Medeiros trabalhou na revista até 1961. Entre 1952 e 1957 assinou a seção “Falando em Fotografia”, na revista A Cigarra.

Além de ter fotografado as populações mais oprimidas, grupos marginalizados como os negros e os indígenas, registrou os ricos cariocas e as paisagens do Rio de Janeiro, eventos esportivos, religiosos e folclóricos, o carnaval, concursos de beleza e diversos outros aspectos da vida no Brasil. Fotografou também personalidades importantes das artes e da política. Foi parceiro de importantes jornalistas, dentre eles Franklin de Oliveira, Hélio Fernandes, José Amádio, Millôr Fernandes, Samuel Wainer, Arlindo Silva e José Leal. Com este último formou uma das famosas duplas da revista.

Alguns dos ensaios fotográficos mais significativos de Medeiros foram realizados em suas viagens pelo Brasil. Um deles, na Bahia, documentava o ritual de iniciação das filhas de santo e foi publicado na reportagem “As noivas dos deuses sanguinários” (1951).

Em 1962, fundou com os fotógrafos Flávio Damm e Yedo Mendonça a agência fotográfica Image, uma das primeiras do gênero no Brasil. Estreou no cinema, em 1965, assinando a fotografia de “A falecida”, de Leon Hirszman. Em 1977, ganhou o Prêmio de Fotografia do Festival de Gramado pelos filmes “Aleluia Gretchen”, de Sylvio Back; e “O Seminarista”, de Geraldo Santos Pereira. Em 27 de agosto de 1990, faleceu, vítima de infarto, em Áquila, na Itália, onde participava do Festival Ecológico Último Grito.
Ritual de candomblé de iniciação das filhas-de-santo, Salvador, Bahia, 1951