Uma das maiores intérpretes da história da MPB, Gal Costa não tinha nem 20 anos quando, no início dos anos 1960, ouviu de João Gilberto: “Gracinha, você é a maior cantora do Brasil.” De lá para cá, ela só confirmou a afirmação de seu ídolo. Gal soube sempre se reinventar, indo de Ary Barroso a Noel Rosa, de Seu Jorge a Emicida, de Criolo a Rodrigo Amarante.

Foram quase 60 anos de carreira, desde a estreia oficial no Teatro Vila Velha, em Salvador, em 1964, com o show “Nós, por exemplo…”, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, até o mais recente espetáculo, “As várias pontas de uma estrela”. A morte de Gal, aos 77 anos, ocorrida no dia 9 de novembro de 2022, priva o Brasil de uma de suas maiores vozes, imortalizada em canções como “Divino maravilhoso”, “Um dia de domingo”, “Modinha para Gabriela”, “Festa do interior”, “Força estranha”, “Meu nome é Gal”, “Como 2 e 2”, “Vaca profana”, “Vapor barato”, “Chuva de prata”, “Baby”, “Lágrimas negras”, “Aquarela do Brasil”, “Sorte” e “Barato total”. Como observou o crítico Mauro Ferreira, “todos os caminhos da música popular do Brasil passaram pela voz cristalina da imortal cantora baiana”.

Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos em Salvador, a 26 de setembro de 1945, Gal tornou-se musa do movimento tropicalista, desafiou rótulos, foi discreta e ao mesmo tempo revolucionária, e virou um símbolo libertário. Gal tem parte de sua trajetória contada nas imagens históricas abaixo, do acervo dos Diários Associados RJ/Instituto Moreira Salles. São fotos tiradas entre 1969 e 1985, que mostram uma artista dona de um estilo único na música popular brasileira. Entre elas está um registro feito por Carlos Leonam e publicado em O Jornal em 1970, que mostra Gal junto a uma árvore, cercada pelos integrantes do grupo The Bubble.